segunda-feira, 5 de janeiro de 2009


Desde o dia, em que um poeta com doença venérea e viciado na metrópole, flanando, deixou cair a auréola na calçada, o exílio é perfeito. É o exílio de cada homem sensível que não consegue olhar como aqueles patetas e extirpadores esvaziam os seus cachimbos na plumagem do albatroz... Já não é o narrador da tribo, o cortesão, o patriota furioso que dá o tom, agora fala o monstro aleijado singular, o malcantor, o parasita. O que ele diz leva aqui e ali ao arrebatamento silencioso, talvez ao duelo entre artistas ou fica preso às colunas do jornal. Um certo tempo podia ter algo como o atentado ao bom gosto, um ato de desobediência final; entretanto se trata mormente do conforto sensual, de higiene corporal com meios líricos, da palavra como insígnia individual, ferramenta da teimosia indestrutível.

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